Encontros e desencontros da extensão rural brasileira na construção coletiva de conhecimentos e saberes (2009)


 
Antonio Gomes Barbosa

1. Introdução

Qualquer reflexão sobre as atuais propostas de extensão rural com o intuito de contribuir para a construção de alternativas de desenvolvimento sustentável para o campo deveria procurar fazê-la em pelo menos três aspectos: partir das muitas experiências já vivenciadas pela extensão rural (oficial e não oficial); procurar entender quais eram os objetivos e as estratégias montadas para a consolidação da proposta e ter como certo que a extensão rural enquanto direito inalienável da agricultura familiar¹ ainda é uma realidade distante e precisa ser perseguida e consolidada.

Este artigo propõe ao leitor um passeio analítico nas trajetórias, olhares e opções metodológicas de organizações que fazem a extensão rural no Brasil, focando de forma especial a ação de algumas organizações não-governamentais que atuam no meio rural brasileiro. Para tanto, priorizar-se-á o surgimento da extensão rural no Brasil para ajudar no entendimento das estratégias construídas pelo Estado para o meio rural. No caminho da extensão rural vivenciada pelas organizações não-governamentais, observa-se a mudança na percepção dos papéis assumidos pelos agricultores e as muitas metodologias testadas no campo. Propõe-se que a extensão rural seja discutida a partir da observação, do diálogo e da compreensão do que é a agricultura familiar. Neste esforço, acredita-se necessário aprender com a própria agricultura familiar, compreender suas dinâmicas, processos de diálogo, trocas e complementaridades, estabelecendo uma lógica sistêmica característica da produção familiar.

Surgidas no seio da esquerda pós-anistia, com forte influência das Comunidades Eclesiásticas de Base (CEB) e marxista, muitas ONGs percebiam os trabalhadores como classe social, sujeitos coletivos capazes de fazer transformações profundas na sociedade, supervalorizando e priorizando a dimensão político-sindical. Quando esta percepção era transposta para o meio rural, invisibilizava os agricultores (trabalhadores rurais) como produtores e consumidores de alimentos e hábitos culturais. Sujeitos que se relacionam diretamente com a natureza.

Não podendo ignorar por muito tempo a realidade vivenciada pelos agricultores, sobretudo os que vivem no semiárido, muitas organizações foram percebendo que os agricultores, para além das questões sindicais, necessitavam de acompanhamento técnico-produtivo. Isso possibilitou uma pequena releitura do meio rural. Da condição de assessoria aos grupos sindicais, muitas entidades, de alguma forma, começaram a valorizar e a dialogar com o acompanhamento técnico às famílias agricultoras, iniciando uma nova trajetória na extensão rural brasileira.

Nesta caminhada foi se percebendo que as ações de organização e produção, materializadas nos mutirões, Associações Comunitárias de Produção e Consumo (ACPC), bancos comunitários de sementes, beneficiamento e comercialização, dentre outras formas que demandam cada vez mais uma assessoria especializada.

Durante os processos de desenvolvimento das estratégias e metodologias de acompanhamento aos agricultores e suas organizações, a experiência da Rede de Tecnologias Alternativas (Rede PTA) conseguiu influenciar muitas entidades para além da rede, que passaram a ter na agroecologia uma proposta de desenvolvimento para o campo. Como metodologia adotada, a difusão de tecnologias consideradas de baixo impacto, testadas em Unidades de Transferência Tecnológica (UTTs), ensinadas pelos técnicos e replicadas pelos agricultores experimentadores e/ou multiplicadores. A crítica ao modelo convencional não trouxe junto consigo o debate sobre a forma de construção de conhecimentos e saberes.

Construir a nova extensão rural significa refazer o debate sobre a produção do conhecimento. Para tanto, propõe-se como método partir de um estudo sobre os processos da agricultura familiar, reforçando a importância e eficácia dos intercâmbios e as sistematizações de experiências, processos de diálogo e observação das peculiaridades que apresentam as instituições de Ater no país, tendo como tarefa compreender a agroecologia como proposta de desenvolvimento sustentável, partindo da análise dos sistemas produtivos e de suas inter-relações, trabalhando a transição agroecológica como processo potencializado pelas experiências de convivência com os ecossistemas no fortalecimento de uma rede que tenha no centro de seu funcionamento os agricultores. Esta rede deve ser potencializada pela influência mútua entre agricultores, extensionistas e pesquisadores, possibilitando trocas e sistematização de experiências na construção coletiva de conhecimento e saberes.

2. O estado da arte da extensão rural no Brasil

2.1. A extensão do conhecimento “legitimado”

O conhecimento “legitimado”, sistematizado, imposto e institucionalizado sempre se constituiu como ferramenta importante na dominação de classe. É o conhecimento que estabelece o nível de interação na relação sociedade e natureza, determinando as formas “legítimas” de comportamento, práticas, formas e utilizações dos recursos naturais. Nessa perspectiva, a extensão rural e a agricultura são formas mais antigas de intervenção humana na natureza, ela é uma das principais responsáveis por uma das mudanças mais significativas na trajetória do comportamento humano: sair da condição de nômade para tornar-se sedentário. Esta nova forma de organização possibilitou a construção de novas relações sociais, acumulação de bens e conhecimentos e a formação do Estado. Ou seja, podemos afirmar, sem dúvida alguma, que a agricultura possibilitou a existência humana nos moldes atuais.

A chamada “agricultura moderna”, forma de produção agrícola convencional sustentada na “racionalidade” tecnológica moderna, tem sua origem ligada às descobertas do século XIX, no marco dos estudos conduzidos pelos cientistas Saussure (1797-1845), Boussingault (1802-1887) e Liebig (1803-1873), que, com seus experimentos, derrubaram a teoria do húmus, segundo a qual as plantas obtinham seu carbono a partir da matéria orgânica do solo. Liebig difundiu a tese de que o aumento da produção agrícola seria diretamente proporcional à quantidade de substâncias químicas incorporadas ao solo. Toda a credibilidade atribuída às descobertas de Liebig deu-se ao fato de estarem apoiadas em comprovações científicas, sendo considerado o maior precursor da “agroquímica”. As descobertas de todos esses cientistas marcam o fim de um longo período, da Antiguidade até o século XIX, no qual o conhecimento agronômico era essencialmente empírico. A nova fase será caracterizada por um período de rápidos progressos científicos e tecnológicos.

Após a Segunda Guerra Mundial, a “agricultura moderna” passou a ter como principal corrente a chamada “revolução verde”. Esta foi difundida rapidamente, apoiada por órgãos governamentais, universidades, centros de pesquisa agropecuária e pelas empresas produtoras de insumos (sementes híbridas, fertilizantes sintéticos e agrotóxicos), além, é claro, do incentivo de organizações mundiais como o Banco Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a United States Agency for International Development (USAID – Agência Norte Americana para o Desenvolvimento Internacional), a Agência das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), dentre outras.

Para Weid (1997), no marco da “revolução verde”, que implica o uso de insumos industriais, variedades melhoradas e híbridas e a motomecanização, gerou-se uma consequente especialização da produção em monoculturas, homogeneizando as propriedades e regiões em função de produtos que tivessem vantagens competitivas no mercado e a perda dos vínculos com as lógicas locais voltadas para a reprodução das condições sociais e ambientais que favorecem a sustentabilidade nos agroecossistemas. As contradições geradas pelo modelo social inicialmente eram escancaradamente “dirigistas” e “enquadradas”.

A partir da década de 1980 o modelo agroindustrial começa a dar sinais de exaustão: desflorestamento, diminuição da biodiversidade, erosão e perda da fertilidade dos solos, contaminação da água, dos animais silvestres e dos agricultores por agrotóxicos e maior resistência de pragas e doenças passaram a ser decorrências quase inerentes à produção agrícola. A “revolução verde” provocou ainda mais a concentração das terras nas mãos de poucos e, por consequência, o êxodo de famílias inteiras para os grandes centros, além da perda de traços culturais no plantio, na criação e nas relações sociais.

2.2. Gênese da extensão rural no Brasil: uma investida para a desconstrução de saberes locais

No Brasil, os serviços oficiais de assistência técnica e extensão rural (Ater) foram iniciados na década de 50, durante o pós-guerra. Para Fonseca (1985), a gênese deste processo inicia-se no ano de 1948, quando foram realizados conversações e convênios entre o Brasil e os Estados Unidos, culminando na implantação do Programa Piloto de Santa Rita do Passa Quatro, no Estado de São Paulo, e na fundação da Associação de Crédito e Assistência Rural de Minas Gerais (ACAR-MG). Este processo foi conduzido pelo mensageiro especial da missão norte-americana, o sr. Nelson Rockefeller.

No discurso a extensão rural seria dirigida para a agricultura como um todo, a proposta de desenvolvimento – incluindo os créditos e a extensão rural – foi direcionada para os produtores médios e grandes, enquanto a agricultura familiar se mantinha marginalizada. No caminho contrário, a proposta de extensão rural desconsiderava qualquer outra forma de conhecimento que não a produzida nas universidades e centros de pesquisa, criando um abismo entre o técnico e o tradicional. Para a extensão rural, o saber dos agricultores era tido como atrasado e deveria ser combatido.

Inicialmente, a Ater foi implantada como um serviço privado ou paraestatal, com o apoio de entidades públicas e privadas. A partir de 1956, o presidente Juscelino Kubitschek criou a Associação Brasileira de Crédito e Assistência Rural (ABCAR), constituindo um sistema nacional articulado com a Associação de Crédito e Assistência Rural nos estados.

Em meados da década de 1970, o governo do presidente Ernesto Geisel criou o Sistema Brasileiro de Assistência Técnica e Extensão Rural (Embrater) e executado nos estados pelas Empresas de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater).

A partir de 1990, sob uma nova orientação para o desenvolvimento nacional (política do “Estado mínimo”), o governo do presidente Fernando Collor de Melo extinguiu a Embrater, desativando o Sibrater, abandonando claramente alguns dos esforços antes realizados para a existência de serviços de Ater no país. Neste quadro de semiabandono, seria difícil a extensão rural apostar na agricultura familiar como setor importante da economia na produção de alimentos, uma vez que nem o Estado estava disposto a tal opção.

Os programas de ajuste estrutural, como a desobrigação do Estado de algumas políticas públicas e a abertura das economias aos fluxos do mercado internacional, impactaram de forma direta o sentido de desestruturação da agricultura familiar. Ao contrário dos setores mais favorecidos, esta se ressentiu mais rápido da crise ambiental provocada pela própria aplicação do modelo da “revolução verde”. Um dos principais efeitos disso foi a exacerbação de processos de concentração das melhores terras nas mãos de poucos, empurrando a agricultura familiar para áreas marginalizadas, em ecossistemas mais frágeis e com mínimas disponibilidades de terra. Este processo acirrou ainda mais o êxodo rural, provocando inchaço nos grandes centros, fome, miséria e violência.

Weid (1997), analisando os processos dos desequilíbrios ambientais e o agravamento da pobreza rural, destaca duas linhas no campo das instituições internacionais voltadas para a cooperação, o desenvolvimento e o financiamento. A linha dura do Banco Mundial, que insiste na política de globalização e desmonte dos Estados nacionais, admitindo uma transição dolorosa para um melhor dos mundos num futuro não definido, e a linha de outras instituições como FAO e PNUD, num esforço de tentar conciliar os princípios hegemônicos do neoliberalismo com a compreensão de que será preciso adotar políticas compensatórias para garantir a sobrevivência de uma agricultura familiar cuja desapropriação só faria engrossar as crises urbanas nos centros e até mesmo nos do norte. Nestas últimas começou-se também a se questionar a adaptabilidade do modelo da “revolução verde” para a agricultura familiar e a necessidade de buscar aumentos de produtividade reconhecendo a base social, ecológica, cultural e econômica.

Este conceito de “tecnologia apropriada” operou como um instrumento criticado, tanto pelos neoliberais como pelos marxistas, como sendo uma tecnologia subdesenvolvida. Mas antes de ser resolvido, o próprio conceito exemplifica esta definição ao aplicar o critério de temporalidade e durabilidade, associando tecnologia apropriada ao uso de recursos naturais e com vistas à sustentabilidade do modelo de desenvolvimento. Este novo conceito motomecanizado/biotecnológico, possibilitou seu questionamento, pois trouxe à atenção para o tempo limitado de uso de recursos não renováveis e a necessidade de uma agricultura que preserve os recursos naturais e o meio ambiente. Este conceito não golpeia apenas a adaptabilidade do modelo da “revolução verde” para a agricultura familiar, mas a própria sustentabilidade do modelo.

2.3. Na contestação do modelo agrodesenvolvimentista, o surgimento da agricultura alternativa

Foi justamente o agravamento dos efeitos catastróficos provocados pelo “progresso” da “agricultura moderna” sobre a natureza, gerando desastres e desequilíbrios ambientais e sociais, que impulsionou o surgimento de um movimento mais organizado de resistência ao padrão dominante de produção agrícola.

 

No início dos anos 70, esse movimento de oposição ao padrão produtivista agrícola convencional concentrava-se em torno de um amplo conjunto de propostas, denominadas “alternativas”, que ficou conhecido como agricultura alternativa. É quando se intensificam de fato os debates sobre sustentabilidade. A introdução do termo sustentabilidade na agricultura é reclamada pelo Movimento de Agricultura Orgânica e pela IFOAM³. Em 1977, realizou-se, na Suíça, a Primeira Conferência Científica da IFOAM, que recebeu o nome de “Rumo a uma agricultura sustentável”, segundo relata Bernward Geier, “o que mostra que a preocupação com a qualidade da produção agrícola remonta a quase trinta anos.

No Brasil, pesquisadores como Adilson Paschoal, Ana Maria Primavesi, Luis Carlos Machado, José Lutzenberger, dentre outros, contribuíram para contestar o modelo vigente e despertar para novos métodos de se praticar a agricultura. Em 1976, Lutzenberger lançou o Manifesto ecológico brasileiro: fim do futuro?, que propunha uma agricultura mais ecológica, influenciando profissionais, pesquisadores das ciências agrárias, produtores e a opinião pública em geral.

Em 1979, Adilson Paschoal, em sua obra Pragas, praguicidas e crise ambiental, faz um alerta para os altos patamares de consumo de agrotóxicos provoca o aumento no número de “pragas” nas lavouras, por eliminar também grande número de inimigos naturais. Esses trabalhos, dentre outros, despertaram o interesse da opinião pública pela questão ambiental, crescendo também o interesse pelas propostas ditas alternativas para a agricultura brasileira.

A partir da década de 1980, o movimento para uma agricultura alternativa ganhou força com a realização de três Encontros Brasileiros de Agricultura Alternativa (EBAA), ocorridos, respectivamente, nos anos de 1981, 1984 e 1987. Nos dois primeiros, as críticas se concentravam nos aspectos tecnológicos e na degradação ambiental provocada pelo modelo agrícola trazido pela “revolução verde”; já no terceiro, privilegiou-se o debate sobre as condições sociais da produção, sobrepondo-se as questões políticas sobre as questões ecológicas e técnicas.

Foi também na década de 1980 que surgiram várias organizações não-governamentais voltadas para a agricultura, a exemplo da rede PTA (Projeto Tecnologias Alternativas), de iniciativa da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase). A denominação “tecnologias alternativas” foi usada nesse período para designar as várias experiências de contestação à agricultura convencional.

O interesse da opinião pública pelas questões ambientais e a adesão de alguns pesquisadores à agricultura alternativa, sobretudo em função das adversidades dos métodos convencionais, tiveram desdobramentos importantes no âmbito da ciência e da tecnologia, como, por exemplo, a busca de fundamentação científica para suas propostas técnicas e os aspectos socioculturais da produção agrícola.

Em 1992, com a Conferência Mundial da ECO92, no Rio de Janeiro, Brasil, consolida-se o conceito de sustentabilidade como manifestação de uma nova ordem mundial que expressa a vontade das nações de conciliar ou reconciliar o desenvolvimento econômico e o meio ambiente, em integrar a problemática ambiental ao campo da economia. Mais do que um conceito que orienta a emergência de princípios e valores, a sustentabilidade manifesta e imprime lugar a uma problemática de aspectos múltiplos (científico, político, ético), oriunda da emergência de problemas ambientais em escala planetária e principalmente de percepção sócio substantiva. Amparado nesse contexto de coevolução social e ecológica, diferentes movimentos crescem com o propósito de frear os efeitos maléficos da “revolução verde”. Assim, movimentos sociais se mobilizam em torno de ações que garantam o uso e a difusão de práticas alternativas de produção.

Infelizmente o método utilizado para a difusão dos novos conhecimentos e tecnologias copiou a fórmula positivista, já utilizada nas universidades e centros de pesquisa, de experimentação em pequenas áreas, valorização do conhecimento técnico e necessidade de mediadores para a difusão. Em campo, este método se materializou na implantação de Unidades Demonstrativas (UDS) e Unidades de Transferência Tecnológica (UTTs). Os mediadores, responsáveis por difundir esses conhecimentos, foram chamados de agricultores multiplicadores e/ou agricultores experimentadores. O conhecimento produzido nas ONGs, embora diferente da “revolução verde”, muitas vezes constituiu pacotes para os agricultores.

Atentos a essa realidade, algumas ONGs e pesquisadores organizados na Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), vêm refletindo sobre os processos metodológicos adotados em campo nos últimos anos. Essa reflexão possibilita uma análise mais elaborada das práticas, posturas e opções adotadas. Na tentativa de consolidar proposições mais sustentáveis de acompanhamento técnico, reforça-se a agroecologia como princípio. No entanto, é preciso estar atento para não se correr o risco de transformar a agroecologia em um novo pacote para a agricultura familiar.

Nesse sentido, a agroecologia deve ser compreendida como ciência. Forma de relação e produção que prima pelo aproveitamento e utilização sustentável dos recursos naturais disponíveis, pela autonomia dos agricultores e agricultoras em relação à independência de insumos externos, pelas relações justas (de produção e consumo) e harmoniosas entre homens, mulheres, sociedade e natureza, dentre outros.

No esforço de precisar o que é agroecologia, Caporal e Costabeber, referindo-se aos estudos de Guzmán e Molina, a definem como sendo:

[...] um campo de estudos que pretende o manejo ecológico dos recursos naturais, para, através de uma ação social coletiva de caráter participativo, de um enfoque holístico e de uma estratégia sistêmica, reconhecer o curso alterado da coevolução social e ecológica, mediante controle das forças produtivas que estagnam seletivamente as formas degradantes e espoliadoras da natureza e da sociedade. Em tal estratégia, a dimensão local é vista como portadora de um potencial endógeno, que, por meio da articulação de saber local e conhecimento científico, permite impulsionar ações de desenvolvimento rural sustentáveis, potencializadoras da biodiversidade ecológica e da diversidade sociocultural. (Caporal e Costabeber, 2001, p. 26)

Fortalecer sistemas agroecológicos dentro de uma economia globalizada e flexível implica a retomada do debate sobre políticas públicas amplas e diferenciadas, reforma agrária, créditos, infraestruturas sociais e produtivas, fortalecimento da agricultura familiar, soberania, autonomia e segurança alimentar e nutricional. Nesse sentido, é preciso uma mudança no paradigma da pesquisa e da extensão rural, principalmente, porque estas se encontram atreladas às alterações sociopolíticas de caráter estrutural. Esta não é uma tarefa pequena, deve ser uma opção política, sendo imprescindível o esforço de todos.

A reflexão sobre uma “nova extensão rural” requer, portanto, um esforço coletivo, pautado numa visão sistêmica de mundo, plural e multidimensional, primando pela diversidade e construções coletivas de saberes, sem substituir conhecimentos, mas conjugando-os.

3. Repensando a extensão rural

3.1. Extensão rural como direito inalienável da agricultura familiar

A constituição de uma proposta de desenvolvimento sustentável para o campo tem que ter como pressuposto básico o direito inalienável dos agricultores familiares de acesso às políticas públicas: terra, habitação, crédito, pesquisa, extensão rural, educação contextualizada, saúde, saneamento etc. Esta proposta deve partir das necessidades e características peculiares da agricultura familiar: policultura-pecuária-extrativismo, biodiversidade, ecossistemas, produção e reprodução, mão-de-obra de base familiar, vida comunitária, expressões religiosas, crenças, dentre tantas outras.

Petersen (1998) acredita que a nova extensão rural tem que ter como objetivo proporcionar um ambiente sociocultural favorável ao desenvolvimento e irradiação dos conhecimentos técnicos de manejo agroecológico. Para que isto se faça ambiente, faz-se necessário tanto intervir nas condições culturais e sociais históricas que limitam o avanço do conhecimento quanto nas condições materiais que limitam a autonomia do pensamento e abram possibilidades de inovação e evolução do domínio do conhecimento agroecológico.

Nesse processo, a extensão rural não representa apenas um papel na construção coletiva dos conhecimentos e saberes não como mera correia de transmissão de técnicas, mas reconhecendo-a como produtora de conhecimentos autônomos, que têm o mesmo grau de importância dos conhecimentos produzidos por pesquisadores da Embrapa e das universidades. Conhecimento tão importante quanto os construídos pelos agricultores nas comunidades. Este entendimento vai possibilitar a construção coletiva de conhecimentos e saberes, possibilitando a reorientação da prática extensionista, reconhecendo que não existe um conhecimento único.

Sendo a extensão rural uma política pública, tem que ser encarada como parte de um projeto de desenvolvimento. O primeiro passo a ser dado por quem quer fazer a extensão rural é perceber que a agricultura familiar não é apenas uma unidade de produção e consumo, mas sim um modo de viver e interpretar a realidade. Este debate e os impactos destas reflexões precisam estar direcionados para a construção de uma nova política de Ater. Como referência deste projeto, vem sendo travado um intenso debate na Rede de Assessoria Técnica e Extensão Rural do Nordeste (Rede Ater-NE), rede que congrega 13 ONGs de quatro estados do Nordeste: Pernambuco (Centro Sabiá, Caatinga, Diaconia e Asocone), Bahia (MOC, Apaeb, Ascoob e Sasop), Paraíba (AS-PTA e Patac), Ceará (Esplar e Cetra) e Piauí (CEPAC). Esta rede tem possibilitado a essas entidades a reflexão sobre suas práticas institucionais.

Integrando a Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), a Rede Ater-NE surgiu no processo de diálogo sobre a nova política nacional de Ater, coordenada no Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA), pelo Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural (Dater). No debate sobre o significado simbólico e prático do que tem sido a assistência técnica e extensão rural no Brasil, o GT Ater da ANA sugeriu definir este espaço como sendo um lugar de construção coletiva de conhecimentos, mudando assim a lógica positivista da extensão rural. Na construção coletiva de conhecimentos e saberes, todos os envolvidos – agricultores, extensionistas, pesquisadores, instituições – exercem papéis singulares e essenciais. Esta conceituação coloca no debate uma nova concepção de inter-relação entre produção de pesquisa e extensão. Este processo, que vem dialogando com as políticas públicas, poderá contribuir substancialmente para a formatação de um novo modelo de extensão rural para o Brasil.

3.2. Da extensão rural à construção coletiva de conhecimentos e saberes

O positivismo, corrente de pensamento que mais influenciou as práticas nas sociedades modernas, faz com que a nossa visão das coisas seja quase sempre compartimentalizada. Não tendo visão do todo, tendemos a priorizar as partes, suas especificidades, daí a valorização das especialidades, dos problemas em detrimento dos processamentos. Se possível, compartimentalizam-se até os processos, no intuito de simplificá-los. É o que Edgar Morin (2001) chama de inteligência parcelada, compartimentalizada, mecanicista, disjuntiva e reducionista, que desconsidera a complexidade do mundo, fraciona os problemas, perde a noção de totalidade. Infelizmente, são com essas lentes que a extensão rural oficial e as entidades não-governamentais, durante muito tempo, analisam os sistemas produtivos da agricultura familiar, olhando a parte como se fosse o todo.

Durante muito tempo foram priorizadas as tecnologias alternativas em subsistemas produtivos, quase sempre os roçados ou a criação de pequenos animais. Embora esta ação desenvolvida tenha sido importante, não podemos chamá-la de ação agroecológica; no máximo, de “boa vontade” agroecológica. Prova disso é que o longo tempo de trabalho nas UDS e UTTs não conseguiu potencializar a independência dos sistemas produtivos das famílias acompanhadas. Ao contrário, estas passaram a necessitar cada vez mais da ação da assessoria para conseguir manter os subsistemas em condições quase ideais.

Este processo ajudou a criar os agricultores “best seles”, técnicos dentro da técnica. Hoje muitas organizações não sabem como tratá-los.

Na verdade, a ação sempre foi bem pontual, centrada em experiências a serem difundidas pelos agricultores multiplicadores. Ganhavam cada vez mais destaque os dias de campo, espaços de difusão das tecnologias. Nas organizações o debate passou a ser sobre o que é e o que não é agroecologia, ou seja, a agroecologia precisava ser certificada por “especialistas”, donos do conhecimento. Pouco se avançou no processo de transição agroecológica dos sistemas produtivos.

Nessa trajetória, saiu-se da conceituação de trabalhadores rurais, sujeitos coletivos capazes de fazer mudanças sociais a partir da ação sindical, para o conceito de agricultores familiares, sujeitos de necessidades e sentimentos. Apesar dessa mudança substancial, durante muito tempo adotou-se o mesmo método da extensão oficial, de difusão de conhecimentos previamente construídos, não se permitindo o diálogo com outras formas de produção de saberes. Os chamados pacotes alternativos também apresentavam suas fórmulas prontas, verdades absolutas e a artificialização dos espaços. Neste debate, o ponto está propondo é discutir a extensão rural a partir da observação, do diálogo e da compreensão do que é a agricultura familiar. Neste esforço, é preciso reconhecer que a agricultura familiar, compreendida em sua diversidade, demanda uma lógica de diálogo, trocas e complementaridade, sendo reconhecida uma lógica sistêmica comum na produção familiar.

Na lógica convencional da extensão rural, o crédito e a assistência técnica cumprem papéis nefastos na desconstrução dos sistemas produtivos. São direcionados e atrelados a um único subsistema, na maioria das vezes a uma única cultura dentro do subsistema, negando a lógica da policultura e das inter-relações da agricultura familiar e condenando as famílias à lógica das monoculturas do já falido agronegócio. Esta lógica leva a agricultura familiar à desestruturação e a um forte endividamento. Na contramão das políticas de crédito e da assistência técnica atual, a nova extensão rural, que constrói coletivamente os conhecimentos, precisa trabalhar orientada pela observação das dinâmicas dos sistemas produtivos da agricultura familiar, que trocam insumos e energias entre seus subsistemas e se relacionam com outros sistemas no entorno. O crédito deve cumprir um papel dinamizador nos sistemas de produção familiar e potencializar as dinâmicas endógenas na produção de insumos, respeitando o patrimônio genético e cultural das comunidades e reforçando as infraestruturas produtivas e sociais.

Construir esta nova extensão rural significa construir novos valores, outras formas de ver e compreender o mundo. Sem transformação do indivíduo coletivo, não há transformação coletiva. Avançamos no sentido de reconhecer muitos erros históricos e querer mudá-los, porém a trajetória da nova extensão rural vai requerer investimentos em infraestrutura e formação.

Para delinear a “nova extensão rural” é preciso identificar rumos, conhecer os agricultores e agricultoras e suas formas de organização, sua dinâmica, sua lógica, seus valores, suas experiências, sua história e, por que não, suas pretensões. É imprescindível reconhecer que os agricultores têm experiências acumuladas, embora não sistematizadas. É preciso reconhecer a importância de tais experiências para iniciar qualquer diálogo. Este reconhecimento e valorização não podem ser artificiais; o extensionista precisa estar convencido desta premissa.

Este é um bom exercício para a construção coletiva de conhecimentos agroecológicos entre extensionistas e agricultores familiares. Não é uma barreira fácil de transpor, requer dedicação, qualificação das equipes técnicas, estudos, pesquisas, reflexões e elaborações sobre a produção de saberes. O resultado deste diálogo tem que ser materializado em elaboração teórica, sistematização, publicação de trabalhos e pesquisas participantes.

A aplicação de novos conhecimentos só se consolida se nossos esforços no estudo das práticas de produção; estas são importantes e ajudam na compreensão dos sistemas produtivos, pois o aprendizado coletivo ocorre no dia a dia e em comunidade, possibilitando o resgate de conhecimentos disruptados e transformados em mercadorias. Iniciar o processo de construção do conhecimento agroecológico não pode ser algo abstrato, deve partir de algo concreto. Nos sistemas produtivos o processo deve se concretizar a partir da transição agroecológica discutida, percebida e construída nas dimensões do desenvolvimento sustentável. Estabelecer uma nova forma de acompanhamento técnico, compreender a agricultura familiar e consolidar um diálogo entre o conhecimento técnico e os conhecimentos tradicionais dos agricultores, são os principais desafios da “nova extensão rural”. A tarefa posta para a extensão rural nesta conjuntura é a de compreender a agroecologia como proposta de desenvolvimento sustentável, partindo da análise dos sistemas produtivos e suas inter-relações, trabalhando a transição agroecológica como processo potencializado pelas experiências de convivência com os sistemas endógenos.

Favorecer o acompanhamento técnico requer oportunizar intercâmbios horizontais entre agricultores, e entre estes e os outros sujeitos do conhecimento, possibilitando acumulações e sistematização de experiências. O fortalecimento de uma rede que tenha como centro a lógica da agricultura familiar. Esse momento é a oportunidade de o Estado e as organizações da sociedade participarem da construção e consolidação de um projeto de desenvolvimento

sustentável que priorize os saberes, a produção de conhecimentos e, antes de tudo, as pessoas e suas representações construídas socialmente.

Definir a estratégia não significa a garantia da sua implantação na prática. Fatores externos e internos devem ser percebidos a cada momento; são as conhecidas ameaças e oportunidades. Muitas vezes falta o aporte financeiro, as demandas e dinâmicas do dia-a-dia em campo tendem a levar ao ativismo, dificultando os processos de internalização da proposta pelas equipes. Ainda se corre o risco de a proposta e as estratégias virarem pacotes de caráter alternativo. Ou seja, toda proposta bem-intencionada reflete fragilidades, equívocos nativos. 

Nesta caminhada, a ação em campo deve ser planejada, monitorada, avaliada e sistematizada de forma permanente. A visão sistêmica deve servir de referência para a ação interna, nortear os projetos e programas como parte da estratégia institucional para construir a estrada do desenvolvimento sustentável. O esboço do projeto estratégico de desenvolvimento sustentável deve ser fundamentado nos aprendizados das várias etapas vivenciadas na extensão rural, sendo reflexo dos processos e transformações. De debates pautados em análise de conjuntura, opções políticas, escolha de métodos e técnicas, estudos de caso e vivências locais e regionais e até de redefinição de linhas de ação e projetos institucionais.

Em muitos momentos nos afastamos do debate central e nos pautamos nas crises internas, refletindo a pouca clareza sobre as estratégias que devemos adotar em campo. Sem a clareza necessária do projeto de desenvolvimento, as equipes técnicas passam a construir seus próprios dilemas, alternativas e soluções. É preciso avaliar os erros e acertos e, sobretudo, as dúvidas construídas. A construção coletiva de conhecimentos, os processos vivenciados podem ajudar a extensão rural a construir respostas e formular questões para a prática cotidiana.

4. Considerações finais

As questões levantadas neste artigo significam uma pequena contribuição para as discussões e debates de uma “nova extensão rural”, que tenha como centro a construção coletiva de conhecimentos e saberes. Reflete em parte as análises elaboradas pelas entidades que se organizam na Rede Ater/NE. A efetivação destas propostas pressupõe um esforço concentrado dos sujeitos da extensão rural no país organizados no Estado (Ematers, Embrapas, universidades) e nas entidades da sociedade civil (ONGs, cooperativas de serviços, sindicatos e trabalhadores rurais, pastorais sociais etc.). Não podendo ser algo homogêneo, será preciso recorrer às peculiaridades das instituições para potencializar esta nova forma de fazer extensão rural.

Mais importante que a estratégia é o que se quer alcançar com ela. O compromisso da extensão rural tem que ser com o fortalecimento da agricultura familiar e de suas organizações na defesa da universalização das políticas públicas para o campo. É com este intuito que defendemos a agroecologia como proposta de desenvolvimento sustentável, pautada nos processos comunitários de transição agroecológica e diálogo de saberes. A agroecologia na agricultura familiar apresenta-se como o caminho para a construção desta nova extensão rural; por isso, não pode ser proposta como um simples programa de governo. Há um longo processo de aprendizagem a ser trilhado. Esta compreensão pode evitar a forte pressão dos gestores por pacotes, produtos e resultados imediatos. Talvez seja este o entendimento que de sobre a nova extensão rural precise construir internamente. Com isto, não está dito que o processo deva ser demorado. A transição agroecológica é um processo temporal.

Outros elementos que norteiam a nova extensão rural são a observação e o aprendizado com as características dos ecossistemas locais. Não se pode trabalhar igual do norte ao sul do país. Nesse sentido, é preciso aprender com os bons exemplos já articulados no Semi-Árido Brasileiro (ASA), rede com mais de 750 organizações que trabalham no Semi-Árido difundindo experiências apropriadas de convivência com o semiárido. A ação deve sempre partir das necessidades imediatas e, assim, ir construindo alternativas mais estruturantes. Na perspectiva de processo, é importante identificar os campos e potencializar a ação com parceiros e aliados. Nesse caminho, este deve ser o período dos diagnósticos participativos: diagnóstico das comunidades, diagnóstico das organizações, diagnóstico das aguadas, diagnóstico das sementes, diagnósticos das potencialidades agrícolas, diagnósticos dos ecossistemas etc.

A estratégia prioritária deve ser a constituição de redes que envolvam agricultores, técnicos e pesquisadores. Nessas redes devem estar todos os que estão direta ou indiretamente envolvidos na construção do projeto de desenvolvimento sustentável para o campo: mulheres, comunidades indígenas, quilombolas, pescadores, vazanteiros, geraizeiros, comunidades de fundo de pasto, quebradeiras de coco, demais comunidades tradicionais. Será preciso partir das características de cada sujeito local para facilitar o diálogo na construção de saberes.

Para potencializar a estratégia das redes, é importante favorecer os intercâmbios, encontros de capacitação, sistematização de experiências, possibilitar que os saberes e conhecimentos circulem e se encontrem. Estas frentes devem constituir parte dessa estratégia. É mais fácil para os agricultores, academia e centros de pesquisa, entender e apostar em experiências de transição agroecológica, quando comprovadas sua viabilidade. Daí a ênfase na realização dos intercâmbios e na troca de conhecimentos e saberes.

Concretizar essa estratégia não se apresenta como uma tarefa fácil, mesmo ainda exclusividade das organizações da sociedade civil, neste desafio o Estado é um parceiro estratégico. Para provocar as transformações sociais rumo a um mundo mais justo e igualitário, será preciso avançar na reflexão sobre os encontros e desencontros da extensão rural na construção coletiva de conhecimentos e saberes.

Referencias bibliográficas

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¹ Agricultura familiar aqui compreendida enquanto sistema de produção, consumo e modo de vida estabelecido a partir das relações entre famílias agricultoras, baseado na policultura, na pecuária e no extrativismo, mediados por valores simbólicos construídos coletivamente.

2 Projeto Agroecológico e Vida Sustentável. Documentos CEPAC. Teresina: CEPAC, 2005.

³ International Federation on Organic Agriculture (IFOAM), fundada em Versalhes, na França, em 1972. No início, reuniu cerca de 400 entidades “agroambientalistas” e foi a primeira organização internacional criada para fortalecer um modelo de agricultura baseado no respeito à dinâmica ambiental. Suas principais atribuições passaram a ser a troca de informações entre entidades de associações, a harmonização internacional de normas técnicas e a certificação de produtos orgânicos (Ehlers, 2000).

⁴ A agricultura orgânica no mundo. Revista Agricultura Biodinâmica, IBD – Instituto Biodinâmico de Desenvolvimento Rural, nº. 80, outubro de 1998.


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