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''As secas são previsíveis. É uma questão de se prevenir''. Entrevista com Antônio Barbosa

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“É obvio que a existência de quase setecentas mil cisternas no semiárido brasileiro melhorou a condição de vida das famílias, mas estamos falando de um milhão de famílias que continuam desamparadas”, declara o coordenador da ASA. Confira a entrevista. A seca que atinge o semiárido brasileiro é uma das mais intensas dos últimos anos. Embora este seja o clima característico da região, a população do semiárido tem sofrido por conta da falta de infraestruturas hídrica e produtiva para enfrentar esse período de estiagem. Em entrevista concedida à IHU On-Line por telefone, Antônio Barbosa esclarece que é possível conviver com períodos como esse, mas é preciso “dotar os agricultores de infraestruturas hídricas e produtivas, que os permitam passar pelos períodos de estiagem”. De acordo com Barbosa , a seca causa uma série de implicações aos sertanejos e desestabiliza a economia local e regional. “Muitas famílias que vivem no semiárido têm nos animais uma perspectiva de poupança, ou s...

Entrevista: “Água é direito”

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Antônio Barbosa, coordenador do P1+2, da ASA O Semiárido brasileiro tem vivenciado um momento de forte estiagem. Muitas famílias já estão sem água para garantir a sua alimentação e a alimentação dos seus animais. Além disso, produções estão sendo perdidas por conta da falta de chuvas. O Governo Federal, juntamente com os governos estaduais, lançaram diversas ações emergenciais para tentar minimizar a situação das famílias em todos os estados da região. No entanto, a sociedade civil organizada tem pressionado os governos para uma urgência na efetivação das medidas anunciadas e a garantia da participação nas discussões sobre a seca. Nesta edição de nº 11 do boletim O Canto do Sabiá, iniciamos uma série de entrevistas sobre a seca. Abordando a Convivência com o Semiárido, por acreditarmos que o conjunto de ações emergenciais para esse momento são importantes. Mas que também é responsabilidade do governo, ao longo dos anos, realizar políticas estruturantes de convivênc...

De Dom João VI, em 1816, a Dilma Rousseff, em 2012: Estado, secas e histórias de vidas, mortes e ausências. (I)

Antonio Gomes Barbosa . Sociólogo, coordenador do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) da Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA). “ As secas do extremo norte delatam, impressionadoramente, a nossa imprevidência, embora seja o único fato em nossa vida nacional, ao qual se pode aplicar o princípio da previsão ” (Euclides da Cunha, Cruzadas nos Sertões). No Semiárido, neste ano de 2012, vive-se uma das maiores secas dos últimos 30 anos. Como facilmente será observada, conjunturalmente, esta é a primeira grande seca no país pós-ditadura militar, um desafio ao nosso Estado Democrático de Direitos. Nenhum dos presidentes anteriores: José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique ou Lula, se viram frente a uma seca de tamanha dimensão. Neste contexto se faz necessário aprofundar o tema, entender seus efeitos e intervir em seus desdobramentos. O que comumente se conhece como seca ou estiagem, é um fenômeno natural que ocorre em várias outras regiões do planeta...
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SECA Morte ronda o quintal da transposição JC percorreu região castigada pela mais dura estiagem dos últimos 40 anos Publicado em 12/05/2012, às 16h19 Ciara Carvalho As notícias de morte espantam a esperança no Sertão de Pernambuco. Onde se chega, o cheiro de miséria espalha-se pela terra esturricada. Vive-se de contar bicho morto, chorar o feijão perdido, esperar por uma água que não vem. No quintal do agricultor Cláudio José da Silva, 36 anos, a humilhação é maior. A vaca esquálida, de tão fraca, desistiu de comer. Bicho e homem não precisavam passar por isso. A poucos quilômetros dali, a bilionária obra da transposição do Rio São Francisco vende a promessa de um Sertão altivo, produtivo, com o qual Cláudio já cansou de sonhar. “A obra tá parada. Esse ano tá perdido de tudo. A gente veio para cá porque disseram que a transposição ia começar por aqui. Até agora, não serviu de nada”, lamenta o homem, enquanto ajeita a corda que segura o pescoço do bicho caído. Um derr...

Água para produção de alimentos no Semiárido

Antonio Gomes Barbosa [1] “ A água é a seiva de nosso planeta. Ela é condição essencial de vida de todo vegetal, animal ou ser humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura.” ( Declaração Universal dos Direitos da Água) Introdução As grandes obras hídricas, criadas supostamente para combater a seca e resolver o “problema” da escassez de água no Semiárido, associadas à adoção maciça de modelos de transferência de tecnologias não adaptadas à realidade da região, geraram um quadro de penúria e insegurança alimentar que imputaram à região uma situação desesperadora de miséria e insegurança alimentar. Em um Semiárido exposto a inúmeras mazelas, foram também múltiplas as iniciativas e estratégias construídas pelas famílias para a garantia do acesso à água e aos alimentos. Na luta diária pela sobrevivência, mulheres e homens, portadoras/es de um vasto saber adquirido a partir da observação da natureza ao longo ...